4 de fev. de 2011

PARAFRASEANDO JLV, OU... SÓ O BRASIL MESMO!

JLV é um gênio, José Luiz Vieira dispensa apresentações para quem acompanha a tempos a odisseia desta maquina maravilhosa chamada automóvel.  A simples menção das suas iniciais, impressas em qualquer pedaço de papel ou assinando qualquer texto eletrônico, é a certeza de chancela de qualidade indiscutível. JLV formou uma geração inteira de AUTOentusiastas quando da época da Motor 3*, uma revista que se tornou uma preciosidade tão rara e disputadas nos sebos quanto os ovos Fabergé.  Sua estatura de jornalista, entusiasta e conhecedor de carros só é igualada – em minha opinião – por Bob Sharp, mais um que é um verdadeiro patrimônio cultural vivo do nosso país; o homem é um manancial interminável de conhecimentos e não por acaso, o tutor do blog-referência AUTOentusiastas.

*http://autoentusiastas.blogspot.com/2010/03/motor-3-forca-quase-trinta-anos-depois.html

O encontro desses dois gigantes, mesmo que por breve momento, ocasionou a publicação de uma pequena passagem de memória de JLV no blog do Bob. A pequena e saborosa crônica é esta:

http://autoentusiastas.blogspot.com/2010/03/so-na-italia.html

Eu lembrei dessa crônica, que já têm quase um ano de idade, ao passar por uma situação um tanto semelhante ontem no final da tarde. Mas lembrem amigos, a diferença que existe entre um Lamborghini Countach e o carro que eu estava guiando, é a mesma do grande José Luiz Vieira para este pobre arremedo de escriba...



Dirigindo ao final do dia, deparei-me com o acesso de uma empresa que eu costumava utilizar para atalhar caminhos. Todo o pavimento estava coberto de uma fina camada de cascalho fino. Toda a malícia do que poderia ser feito utilizando aquela condição nova de atrito surgiram na cabeça quase que de forma instantânea. Não precisei de um segundo sopro do diabinho montado no ombro, vamos lá!

Como eu conhecia bem o carro que estava guiando, pequeno, leve, simples (pouca coisa para quebrar e barata!); entrei na curva – de ampla visão de saída e tráfego nulo – já em terceira marcha. Um pequeno toque no volante para o lado contrário da tangência, para garantir um pouco mais de espaço e o golpe imediato para o lado “correto”, não com o intuito de quebrar a aderência dos pneus da frente, mas para a traseira do carro soltar ao sabor da brita. Manobra muito simples, intuitiva, quase natural...apesar da terceira marcha espetada, a velocidade não era alta, apenas não queria estrangular o motor demais em segunda; queria algo mais silencioso, fluido e com finesse.

Exatamente como eu esperava, a traseira do carro – tração dianteira – saiu de forma progressiva, fechando o ângulo da curva, tudo para uma linda derrapagem controlada quando me deparo com “abajures” suspeitos aparecendo atrás de uma colina não muito distante.



Gelei!! Meus piores temores se conformaram em um milésimo de segundo e a realidade começou a pintar-se de cores sombrias. Era uma Blazer da polícia rodoviária, e me pegou bem no meio da derrapagem, com o carro todo torto e as rodas apontadas para o lado contrário da curva. Eu já estava corrigindo o carro com o volante e com leve pressão no acelerador, nesse átimo de segundo – quando vi a viatura – imaginei como coibir o ângulo da escapada, mas já era tarde demais. Tirei o pé com o carro alinhado e já me imaginei sendo atirado em um calabouço medieval, com o carro aprendido para todo o sempre.

O policial da Blazer, quando se aproximou, apenas fez um sinal de luz e um positivo com a mão, para meu enorme alívio...respondi de forma (trêmula) e idêntica; cruzei com o carro dele e continuei o meu caminho ainda não acreditando no indulto recebido.

Posso formular várias hipóteses para isso; talvez ele tenha pensado que eu tenha me perdido ao volante, o local era inofensivo em termos de danos para outras pessoas, a velocidade não era exagerada apesar da plasticidade da manobra....

Ou, ele era um dos nossos! Ele entendeu que a manobra foi feita de forma consciente e bem executada em sua simplicidade; ele pode até ter gostado de ver aquele carrinho inofensivo curvando como um WRC de câmera lenta. O policial ao volante, também um ser humano, deve curtir a aventura de dirigir e sentiu não havia pecado capital naquela ocasião.

Não penso em repetir a experiência sem antes verificar os locais de brincadeira novamente (fiz mais duas passagens nos dois sentidos -de lado - para entender reflexos e comportamento do carro, logo depois do susto), mas deu para entender e especular que o gosto por dirigir, as vezes, habita lugares meio insuspeitos.

Parafraseando JLV: só o Brasil mesmo!

4 comentário(s):

Anônimo disse...

Quase esquecendo, o post é meu mesmo...Mister Fórmula Finesse, não vão jogar pedras e insultos ao Diego, prioritário do blog!

MFFinesse

Diego Menezes disse...

Nesse mundo tão "politicamente correto", quem perde oportunidade de se divertir um pouco?

Anônimo disse...

ahaha!!! Demais!!! Imagine agora um declive com belo angulo com brita, ai você desce e no fim tem uma curva de uns 70° a direita, com muita área de escape e feita de calçamento. Naturalmente a brita desce do morro e forma essa brincadeira... quando venho de carro deixo o carro escorregar pela diversão... de moto outro dia tentei fazer um 'grau' e quase beijei a brita. É uma diversão inocente minha de fim de expediente.

Texto muito legal. O 'gelo' que você tomou deve ter sido lindo! O suador vem só depois. heeheheh

abraço.
GiovanniF

Anônimo disse...

GiovanniF :

É isso ali mesmo, temos que manter certos lugares (seguros é claro) para podermos as vezes, exercitarmos nossos reflexos. É o tipo de coisa que não te ensinam na autoescola, mas a ciência do comportamento do carro em situações incomuns, pode tirar você de uma situação de perigo que nem precisa ser provocada por um erro seu.

Ontem mesmo, sob uma relva molhada (particular), consegui uma bonita manobra emendando a quebra de derrapegem - mudança de atitude/sentido do carro - em duas manobras, com freio de mão e volante. Por que isso alguém diria? Para meu gáudio pessoal eu responderia; sem riscos, sem público...apenas a satisfação de fazer algo bem feito; deixar a imaginação voar imaginado-se um Loeb.

De moto é complicado amigo, eu provocava só na grama, tentando derrapar em segundaq marcha a uma certa velocidade, mudando de atitude a medida que o pneu que tracionava pegava alguma irregularidade.

Cuidado ao fazer isso no cascalho!

abraço

MFFinese

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