22 de fev. de 2010

Ô PAÍS CONFUSO

Há alguns anos atrás meu pai tinha um Corsa Super 1998. Era lindo e impecável, com lavador e limpador traseiro, vidros verdes e interior conservado. E sua cor era o maravilhoso Vesde West, escuro e metálico. Pagou R$ 12.500 nele. Usou por seis anos (ele nunca esqueceu as qualidades daquele carrinho) e o vendeu por... R$ 12 mil! Sem que meu pai estipulasse preço, o comprador ofereceu a quantia e disse que o carro seria dele.

Outro caso interessante sobre venda também aconteceu na minha família. Em 1996 meu tio tinha uma D20 1994, branca, cabine simples e completa de todos os opcionais. Pagou R$ 27 mil nela. Fez inúmeras viagens e usava sem dó. Em 1998 pagaram R$ 35 mil nela, ou quase 35% a mais do valor que ele pagou.

Claro que eram excelentes carros e tinham uma gravatinha da Chevrolet, mas mesmo assim não vejo a desvalorização pequena (ou supervalorização) com bons olhos. Tem algo errado no nosso mercado de veículos brasileiro. Não sei se brasileiro é rico ou é tolo, pois ele paga, geralmente sem dó, R$ 30 mil num 0 km básico. E como se não bastasse o alto custo dos novos, os usados também estão caros.

Nos dois casos que contei há carros comuns. Um ainda é fabricado e é conhecido pelo conforto, confiabilidade mecânica e desempenho e beleza superiores. Continua em produção e está entre os cinco novos mais vendidos; isso faz com que o preço dos usados aumente. O segundo caso é distinto. A D20 era um carro amado pela suas inúmeras qualidades e vendia bem, mas sua produção foi interrompida em 1997. A partir daquele momento, quem tinha uma D20 não queria vendê-la. O resultado disso é que hoje se encontra exemplares com 200 mil quilômetros rodados por R$ 55 mil.

No entanto, há casos incompreensíveis. O Gol I, o quadradinho, é vendido por aí por R$ 10 mil, ou seja, 80% do valor de um exemplar cinco anos mais novo, que tem mais espaço e é mais bonito. E o Fiat Uno ano 2000, vendido a 50% do valor de um 0 km, que tem mecânica e visual novos. E tem ainda o Chevrolet Classic 2007, a 70% de um 2010. E lembrar que o mercado de usados está saturado desses três modelos torna tudo ainda mais difícil de entender.

Na Europa a desvalorização chega a 50% depois de dois ou três anos de uso. Nos Estados Unidos é a mesma coisa. E para não falar apenas nos ricos, Argentina e México também tem carros mais baratos, seja novo, seja usado.

Será que isso que tem ligação com o "jeitinho brasileiro", aquele que gosta de levar vantagem em tudo. Ou será a economia? Ou será que para aumentar as vendas dos "zerados" se mantém elevados os preços dos usados?

3 comentário(s):

Pedro Henrique disse...

Acredito ser, com o perdão da palavra, burrice mesmo. Na maioria das vezes, sujeito tira vantagem do carro que aparentemente não desvalorizou mas esquece que a inflação reajustou o preço do novo e que todos os outros produtos e serviços agregados também foram reajustados. Falta também noção de preço... acho que quem compra um carro popular de 30 mil realmente acredita que custa aquilo, quando poderia ser vendido por 20 mil já com impostos e lucro.

De Gennaro Motors disse...

verdade amigo...este pais é confuso!

cRiPpLe_rOoStEr a.k.a. Kamikaze disse...

o problema está na carga tributária e na inflação... vale lembrar que quando o dólar cai acaba não sendo acompanhado pelos preços, alavancando a inflação...

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