20 de set. de 2009

Na contramão


Como foi tratado no post Um estranho mercado, o mercado brasileiro é lucrativo e peculiar. Os milhares de carros nacionais vendidos aqui são simples em mecânica e luxo, justamente para ter custo de manutenção reduzido. Porém a Mercedes-Benz parecia não saber disso quando resolveu montar o Classe A no Brasil.

A marca alemã trouxe seu monovolume para ser produzido em Juiz de Fora (MG) no ano de 1999. o A160 chegou com todos os equipamentos de segurança que precisava para se manter seguro, pois havia se comportado mal em testes. Era um carro alto, curto e tração-dianteira, que a Mercedes não tinha experiência. Se a Europa fez cara feia para o novo carrinho, quanto mais o tradicional (ou arcaico) Brasil.

Os itens de segurança eram ESP (Controle de Estabilidade), ASR (Controle de Tração), ABS, BAS (Assistência de Frenagem Emergencial), EBD (distribuição da força correta no freio de cada roda) e bolsas infláveis. Ainda tinha acelerador drive-by-wire (sem cabo), controle automático de velocidade, limitador de velocidade, câmbio ou embreagem automáticos, suspensão traseira independente e opção pelo motor 1.9 (A190) todo feito em alumínio.

Uma lista de equpamentos que assusta qualquer brasileiro que busca economia. E o pequeno Mercedes tinha seus pecados: alto preço pelo tamanho (cinco centímetros menor que um Ford Ka), suspensão rígida demais, acabamento abaixo do esperado, alto custo de manutenção e depreciação acentuada.

Entretanto, não virou um best-seller porque não oferecia o prestígio de um sedã alemão e nem o baixo custo de um popular semelhante. Basta compará-lo ao Honda Fit, que sempre foi caro, tinha suspensão dura na primeira geração e é pequeno. Mas entrega baixo custo de manutenção e bom valor de revenda. Também não tem um monte de "siglas assustadoras" na ficha de equipamentos.

A fábrica de Juiz de Fora foi desativada em 2005. O Classe A não rendeu o esperado. Surgiram novos concorrentes (Meriva e Fit, além do Scénic), tecnicamente simples e mais baratos. A Mercedes não sabia que para conquistar um comprador tem que falar em prestígio, conforto, economia e valor de revenda...

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