7 de out. de 2009

Powertreco não, respeite os mais velhos


Observando as críticas feitas ao motor GM 2-litros, que equipa o Vectra e o Astra, resolvi mostrar que o bom Família 2 não é tão ruim assim e que, considerando a idade do projeto, ainda impõe respeito no mercado.
Ele foi desenvolvido na Europa pelos finais dos anos setenta para equipar a segunda geração do Ascona. Tem quase a mesma idade do venerado motor AP, um projeto Audi passado à VW em 1973. Um projeto moderno, com comando no cabeçote, sendo este de alumínio.
O hábito de desenvolver um novo produto com ajuda de engenheiros estrangeiros já era comum na GM da época. O motor nasceu para ter 1001 utilidades; para equipar esportivos, sedãs confortáveis, utilitários, enfim. Então ele deveria ter câmaras de combustão quadradas (mesmo curso e diâmetro dos cilindros: 86x86mm), fazendo um meio-termo entre torque em baixas rotações e potência em altas, mantendo a boa relação r/l.
Os testes de longa duração apontavam resistência e certa economia do F2, considerando o porte e a proposta dos carros que recebiam o motor. No Brasil o Monza foi o primeiro a recebê-lo, de início com 1,6 litro e destinado também à exportação.
Com o tempo o F2 foi evoluindo, ganhando injeção eletrônica, cabeçote multiválvulas e opção de turbo. O saudoso Opel Calibra Turbo, a "lâmina", era equipado com um C20LET, um 2.0 16V com turbo e 204 cavalos. O Vectra GSi nacional desfrutou deste motor, mas sem sobrealimentação e renomeado C20XE.
Muitas pessoas já tiveram o prazer de acelerar esse motor. É torcudo e liso. Desde as baixas rotações há potência significativa e o nível de ruídos é baixo. A economia de combustível não é exemplar, mas está no mesmo nível dos concorrentes de potência semelhante. Não é moderno, porém não decepciona e é muito bem cotado no Astra pelo excelente custo/benefício, ou melhor dito: potência/economia.
Com a evolução da concorrência européia a GM desenvolveu um novo motor baseando-se no antigo. Opel, Saab e Lotus eram as maiores responsáveis pelo Ecotec, um novo quatro-cilindros mais econômico e com maior torque. A segunda geração do Família 2 que o Brasil ainda não tem.
Muitas pessoas dizem que o 1.8 usado pela Fiat é o "antiquado motor do Monza". Não, ele não é. O 1.8 atual pertence à Família 1 e foi "criado" pelo departamento de marketing", pois foge completamente das características ideais.
A diferença do F2 para o Família 1 (que equipa os carros pequenos da GM brasileira) está na distância entre os centros dos cilindros. Como se o F2 fosse um "big-block" e o F1 um "small-block". O F1 está limitado a 1,2 litros, enquanto o F2 está a 2. Existe ainda o Família 0, de três e quatro cilindros.
Todos as marcas do grupo GM desfrutaram do Família 2. O nome Ecotec já deveria estar nas tampas dos cabeçotes dos motores nacionais, claro. Mas dizer que o resistente é um "powertreco"-- em alusão a Powertech -- é um desrespeito total e inaceitável.

2 comentário(s):

Italo disse...

Penso que a bronca com os fabricantes tem a ver com um certo desprezo que as grandes tem com o consumidor brasileiro.

A ser verdadeira a afirmação da própria GM que o Brasil foi uma das operações da fábrica que ajudaram a empresa a não falir, recompensar os compradores da marca com produtos menos defasados não seria pedir muito.

Beira a desonestidade lançar com estardalhaço o Celta como "novo" veículo (e Prisma e Agile), um Corsa obsoleto e depenado e sem nem sequer ter um preço condizente com a simplicidade do carro.

cRiPpLe_rOoStEr a.k.a. Kamikaze disse...

o powertech ainda é um ótimo motor, apesar de ser bastante rústico... diga-se de passagem, justamente essa rusticidade pode ser considerada uma vantagem por demandar menos tempo a ser gasto nas manutenções, e até uma resistência maior aos males de um combustível de qualidade inferior...

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