6 de out. de 2009

Hormônio de crescimento

por Diego M. de Sousa


No embalo dos rumores sobre a vinda da quarta geração do Corsa para substituir o Astra escrevi este post, que trata do aumento, a cada nova geração, do tamanho dos carros vendidos na Europa.

É interessante notar que cada região do planeta tem um povo de dimensões diferentes. Aqui no Brasil predominam os baixos (em média 1,7 metro) e magros; na América do Norte as pessoas são graúdas, tanto em largura como em altura; europeus são altos e os orientais mais baixinhos.

Essas características refletem diretamente no carro, que deve estar apto a acomodar bem as pessoas do mercado em que será comercializado. Os bancos dianteiros do carro ianque têm menos apoio lateral, pois são desenhados para acomodar os gordinhos, que são maioria nos EUA.

Há trinta anos atrás os carros eram, em média, 50 centímetros menores. O Volkswagen Golf, por exemplo, surgiu um pouco maior que o Ford Ka. Na segunda geração ganhou 28 cm no comprimento e mais um bocado de centímetros na largura. Hoje, na sexta geração, o hatch tem 4,2 metros, mais que os 4,19m do primeiro Jetta, sua versão sedã (que hoje tem 4,55m).

Tratam de crescer os concorrentes, que não podem ficar com o menor espaço interno. A diferença de comprimento entre a quinta geração do Kadett (vendida aqui no Brasil a partir de 1989) e o Astra que será lançado em breve é de 42 cm. Do Peugeot 306 para 308 são 24 cm; do Fiat Ritmo ao Bravo são 32 cm; do Escort ao Focus são 37 cm. Quase o tamanho do terceiro volume de um sedã pequeno.

Durante esse crescimento há uma ascensão de categoria, pois o motores precisam de mais cavalos para mover o carro maior. Chega um momento que é preciso resgatar o propósito inicial do projeto com outro produto, para preencher uma lacuna. Foi assim com o Golf, substituído pelo Polo. Este cresceu 20 cm (46 cm entre o primeiro e o último) e deixou vaga para o Lupo, que é maior que o primeiro Polo.

Um hatch pequeno na Europa é considerado médio aqui no Brasil. O atual Astra nacional tem apenas 19 centímetros a mais que o Corsa europeu (4m), que nos anos oitenta tinha 3,65 metros. A substituição do hatch médio (para o padrão brasileiro) pelo pequeno (no padrão europeu) não implicaria em muita coisa por aqui. O espaço interno é parecido e as larguras estão próximas. E o Insignia é 81 cm maior que o primeiro Ascona, da mesma categoria e trinta anos mais antigo.

E esse crescimento “involuntário” aconteceu com os orientais. Na Honda há dois exemplos. O Accord atual é um sedã de luxo com quase cinco metros, bem diferente do primeiro, que tinha menos de quatro. O Civic sedã ganhou 25 cm entre a quarta e a oitava. E o Corolla era 17 cm menor que um Chevrolet Classic. Os “kei cars”, também japoneses, têm de seguir uma regra que limita o tamanho. Em 1949 o limite era de 2,8 metros e em 1998 era 60 cm maior.

Aqui no Brasil é diferente. É por causa da estatura mediana e preferência do consumidor que os carros se mantêm com o mesmo porte. O Kadett C alemão, do segmento C, foi vendido aqui como Chevette e substituído pelo Corsa, do segmento B. O Gol sofreu um pequeno aumento de 10 centímetros entre a primeira e a última geração, separadas por 25 anos, e o Chevrolet Vectra foi substituído pelo Astra alemão. Três formas de se manter o mesmo tamanho.

É estranho saber que o Vectra foi substituído por um carro de categoria inferior e que o Astra poderá ser substituído pelo Corsa. Mas não faz mal, desde que seja mantido o espaço interno e o nível de acabamento.

Entenda os segmentos (nas proporções atuais), válidos para os carros de passeio:

· A = entre 3,3 e 3,7 metros
· B = entre 3,9 e 4,2 metros
· C = entre 4,2 e 4,5 metros
· D = em média 4,6 metros
· E = em média 4,8 metros
· F = mais de 5 metros



1 comentário(s):

Alberoni disse...

Diego, eu acredito que o nosso problema é econômico mesmo.
Na Europa eu ainda não entendi o porquê da engorda dos carros. A tendência é a pessoa melhorar de posses com o passar dos anos, então se ela tinha um Fiesta, ela passa pro Focus, depois, pro Mondeo... Mas se a fábrica aumenta o luxo e equipamentos do mesmo modelo, então a pessoa vai contunuar com o mesmo modelo. Será? Interessante notar que o Kadett viveu do nascimento (década de trinta)até os anos oitenta como o menor Opel, quando surgiu o primeiro Corsa (década de oitenta).
O mercado consumidor brasileiro é muito confuso, somado a preguiça e avareza das fábricas de trazer os lançamentos europeus pra cá. Novamente estamos desatualizados do resto do mundo, seja em beleza, seja principalmente em tecnologia. Certamente se eu pudesse andar de Astra, não andaria de Corsa. Se eu pudesse andar de Polo, não andaria de Gol...

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