14 de set. de 2009

Do "cream cracker" ao downsizing


Hoje a Fiat é reconhecida e está sempre no pódio entre as marcas que mais vendem carros. Entretanto, ela lutou bastante para conquistar o público fiel aos carros grandes e ineficientes, porém, exuberantes em estilo e potência.

Vemos só o produto do esforço dessa grande empresa italiana que chegou ao Brasil em 1977 com a mesma credibilidade que as empresas chinesas têm hoje. A única empresa européia que fazia sucesso nos anos setenta era a Volkswagen com seus produtos arcaicos, desenvolvidos antes da Segunda Guerra.









Superficialmente o Fiat 147 não tinha nada em comum com o Fusca. Foi construído "de dentro para fora", de modo a aproveitar os poucos metros da carroceria. Motor dianteiro na transversal e refrigerado a água com tração dianteira. O comprimento do 127 brasileiro era 3,74 metros.

E a marca italiana chegou trazendo várias inovações: motor dianteiro transversal; estepe junto ao compartimento do motor; suspensão traseira independente, enfim, muita coisa que o país nunca tinha visto. Como se não bastasse, no tempo do Pró-álcool o 147 foi o primeiro carro produzido em série a rodar exclusivamente com álcool. Era a Fiat mostrando ação.

Mas os fãs de motores grandes fizeram cara feia e criaram muitos apelidos para o carrinho da Fiat. Tinham razão de chamá-lo de cream cracker, em alusão ao biscoito que se quebra fácil. O motorzinho, de um pouco mais de um litro de capacidade cúbica, era motivo de dor de cabeça para os seus donos. Compartilhava o defeito de ter a correia de comando de válvulas frágil com o Chevrolet Chevette, que ao menos tinha um excelente câmbio. Essa parte do 147 era crítica e fez a má fama que ainda martiriza os carros da Fiat. A suspensõe dianteira era imprecisa e perdia o acerto constantemente, fazendo com que os pneus se gastassem rapidamente.

A Fiorino derivada do Uno faz parte da segunda geração de picapes compactas

Depois a marca criou a primeira picape derivada de um carro pequeno. A 147 Pick-up era a solução para um transporte rápido (não muito) e econômico. A marca foi a precursora de um segmento importante e copiado posteriormente pelas tradicionais fabricantes de picapes grandes.

A família de carros cresceu e passou a representar risco para as três grandes. O lançamento do Uno deu uma guinada na Fiat. Boa parte dos problemas do 147 desapareciam (menos o da correia). Posteriormente a marca lança versões esportivas, como o Uno 1.5R, para aumentar o prestígios dos seus produtos.

O "grande passo" da Fiat foi o lançamento do Tempra, já em 1992. Ele fez aumentar ainda mais o seu prestígio, se firmando no mercado como marca pioneira. Os arcaicos Monza e Santana foram ameaçados por um sedã inovador, com motor de quatro válvulas por cilindros, suspensão traseira independente e muito elegante.


Alguns problemas mecânicos assombrava o mercado. Mesmo assim a Fiat dá um salto: a introdução do carro popular. O Uno Mille inaugurou o segmento de 1-litros, tão importante hoje. Isso fez com que a marca crescesse rapidamente, assustando outras empresas, que tomaram inicitivas rápidas: Escort Hobby, Corsa e Gol 1000 foram iniciativas para frear o sucesso do Mille.

Os fãs de motores grandes tiveram que engolir dois lançamentos da década de noventa: Uno Turbo e Tempra Turbo. Se o pequeno hath de 118 cavalos era capaz de deixar na poeira qualquer GT do passado, quando o Tempra, que tinha um motor 2 litros de 165 cavalos.

Uno e Tempra nas suas versões de assustar qualquer V8 do passado

Logo depois esse motor equipou Tempra Stile, um esporte-fino criado para concorrer com o Chevrolet Omega, um sedã maior de igual potência.

O lançamento da família Palio, por volta de 1996, ergueu ainda mais a Fiat. Era composta por um hath de três e cinco portas, um sedã, uma perua e uma picape. Nela a marca criou o segmento aventureiro, a partir da perua Weekend.

Era o novo carro do jovem. Não tinha mecânica onerosa e era bem adaptada ao pavimento brasileiro. A Palio Adventure buscava inspiração em carros fora-de-estrada com a suspensão elevada, quebra-mato com faróis, apliques pretos por toda a carroceria e alguns outros detalhes. Antes que a Strada recebesse o pacote aventureiro ela recebeu a útil cabine estendida, inédita na categoria.

Em 1998 chega o substituto do Tempra: o Marea. Dotado de desenho e mecânica peculiares, não conseguiu tomar um pouco da sorte do Vectra, no seu auge naquela epoca. Ao menos tinha motores interessantes. A versão Turbo, que não poderia faltar, ainda tem o título de carro nacional mais veloz (228 km/h).

A Fiat entrou no século XXI com ares de marca grande, reconhecida e copiada pela concorrência. Aspirava novas conquistas. Uma delas era tirar a Volkswagen do pódio. E conseguiu.

Interior bonito do Linea T-Jet

Sua capacidade técnica é indiscutível. Trouxe da Europa o Stilo com faróis de xenônio, motor de cinco cilindros (o mesmo do Marea) e muitas bolsas infláveis. A marca sempre esteve bem conectada ao primeiro mundo, trazendo novidades e oferecendo ao consumidor. É a única que oferece um motor turbo e é adepta ao downsizing (redução da capacidade cúbica do motor sem reduzir sua potência), oferece window bag (bolsa inflável tipo cortina) nos carros de luxo, e etc.

Mille e Palio são só os carros-chefes. Há ainda um hath premium, dois sedãs, uma perua, duas minivans, vans e caminhões (da Iveco). Uma linha completa que tem todas as caracteristicas da Fiat.

Hoje os atuais Fiats gozam de boa aceitação no mercado e entre os jovens. Em 1980 ninguém afirmaria com convicção que aquele sensível carrinho prosperaria. Nunca se gabou de resistência, pois foi modesto falando de economia, uma grande virtude dos carros italianos.

A Strada é um carro jovem, destinado a quem gosta de aventuras

Aquele carrinho simples revolucionou o mercado e trouxe criatividade. Quebrou paradigmas. Sua marca ainda está vida nos atuais Punto e Linea, que possuem em suas versões mais caras um motor que é econômico e potente ao mesmo tempo, capaz de conquistar os antigos fãs de motores grandes. Não era assim em 1976...

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1 comentário(s):

Lukinhas.killer disse...

Bom eu tenho orgulho em dizer que tenho um Fiat, ja tive desprezo e achav porcaria os carros dela, so gostava de GM(pelo menos nao era VW hehe), mais depois de comprar meu tempra(1° carro)cara comecei a pesquisar e me apaixonei pela marca, revolucionou MUITO!

e pra mim ela e a grande marca do brasil, porque a vw nao cria mais nada empolgador, e a GM ta no mesmo caminho, com a nova monstrana e o agile!

Mais tambem gosto muito dos franceses (renault e peugeot) pelo menos os carros mais antigos sao com interior com caras esportivos, motores bem ageis, e visual bem esportivo tambem!


[]s

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