27 de set. de 2010

DIRETAMENTE DA FAUNA E DOS MITOS



Tal como muitas famílias recorreram à flora para batizar seus nomes e estilizar seus brasões, muitos fabricantes de automóveis recorreram a outro bem da natureza, a fauna, para batizar seus carros ou a sua própria marca.


Os cavalos mais famosos (Ferrri, Porsche e Mustang)

O animal mais conhecido nos carros é o cavalo. Símbolo de beleza, inteligência, força e agilidade, ele está colando nas grades (ou no capô) de muitos carros especiais. Um deles é o cavallino rampante, incrustado nos Ferraris desde 1947.

O cavalo empinado era usado por algumas pessoas de uma divisão da força aérea italiana (Pattuglia Acrobatica del Cavallino Rampante). Em 1923 Enzo Ferrari -- piloto e futuro fundador da Scuderia Ferrari -- conheceu a mãe de Francesco Baracca, um herói na Primeira Guerra Mundial que havia usado em seu avião o desenho do cavalo. Ela pediu a Enzo que usasse tal desenho em seus carros, pois daria sorte. Então o comendador colocou, com algumas modificações, o desenho do cavallino no seus Alfas de corrida.

O cavallino rampante, quase idêntico ao da Ferrari, está também no centro do emblema da Porsche.E não é plágio, pois Ferdinand Porsche tinha muito mais razões para usá-lo. O brasão de Estugarda (Stuttgart), berço de sua fábrica, tem um cavalo preto empinando num fundo amarelo. Nada mais justo que homenagear a própria cidade usando o brasão dela sob o de Württemberg, um antigo estado que hoje é história.

Ao invés de usar um cavalo arisco e irritado, a Ford preferiu estilizá-lo em movimento. O cavalo preso às grades dos milhões de Mustangs produzidos está correndo a passos largos, fazendo conotação ao poder do muscle car. O carro foi batizado com mesmo nome de um cavalo selvagem, os mustangues.

A Ford substitui o mustangue pela naja nas versões assinadas por Shelby

As versões mais bravas desse Ford utilizam o sobrenome Cobra, fazendo uma ligação com a famosa criação de Carroll Shelby. Significa naja (e não cobras de modo geral, pois a tradução de "cobra" é "snake") e surgiu na cabeça de Shelby durante uma madrugada. E a prova de que cavalos e serpentes não se dão bem é que a Ford tira o mustangue da grade quando coloca a naja...

Em cobras a Dodge também é especializada, apesar de ter um carneiro no próprio logotipo (criação de um escultor chamado Avard T. Fairbanks). Além de ter usado o nome Shelby (quase um "sinônimo" de Cobra, nome registrado pela Ford), ela criou o Viper, que significa víbora, e colou sob seu capô uma serpente. Bem condizente com que sempre houve debaixo do capô.

A Alfa Romeo também tem uma cobra no seu escudo. Porém trata-se do brasão de Milão, a sede da empresa.

O emblema circular sempre foi usado, porém nos carros de luxo o jaguar dava um salto da ponta do capô. Foi abolido por ser agressivo. A terceira forma é usada na traseira dos carros atuais.

Os felinos também possui representantes. O mais prestigiado dentre eles é a onça-preta (sempre cromada) da Jaguar. O nome jaguar significa onça no guarani e no inglês. Por muito tempo a marca britânica usou sua onça dando um salto à frente do capô (nos carros luxuosos). Ela abandonou essa forma agressiva, em que a cabeça da onça formava uma ponta, por uma que não fere em caso de atropelamento. Na dianteira fica um círculo com a face do animal, como sempre foi nos esportivos da marca. Na traseira fica o perfil da onça em salto.

A Peugeot e a Holden usam leões em seus emblemas. A marca francesa também poderia usar o café como símbolo, pois a primeira invenção de Jean Jacques Peugeot -- pai dos fundadores do fabricante de carros -- foi um moinho de café. Poderia ser também a bicicleta, que a família aperfeiçoou. No entanto, mais uma prestação de homenagem. O leão faz parte da bandeira de Doubs, o estado em que a família Peugeot instalou-se pela primeira vez.

A Holden usou uma fábula pré-histórica sobre a invenção da roda no emblema desenhado por Rayne Hoff, um escultor de origem holandesa. No trabalho dele há um animal com a pata dianteira direita sobre uma roda. Mais interessante ficou foi o logotipo da HSV (Holden Special Vehicles), que tem o leão atrás de um capacete.

O italiano Ferruccio Lamborghini cultuava touradas, e por isso resolveu colocar um touro bem irritado no emblema da sua fábrica. A brutalidade dos touros era copiada pelos automóveis de Ferruccio até que Audi comprou a empresa e tornou seus modelos mais dóceis. O animal, porém, permanece lá, sempre pronto para atacar.

O impetuoso touro de Lamborghini

De um jeito "menos bruto" a Abarth italiana escolheu o escorpião - inseto que anda envenenando alguns dos últimos Fiats. Porém, não foi se baseando no poder mortal do inseto, mas na astrologia, que o fundador da empresa (Karl Alberto Abarth) provavelmente dava créditos.

Já as fábricas nacionais Puma e Lobini usaram/usam, respectivamente, uma suçuarana (o mesmo que puma) e um lobo, este uma ligação com o nome de José Orlando Lobo, co-fundador da Lobini. O Mercury Cougar americano também usou uma suçuarana, que acabou ficando parecida com a onça da Jaguar. O nome científico da suçuarana é puma condolor, que, dependendo da tradução, pode ser traduzido como Puma, Cougar ou Suçuarana.

Outras marcas usam animais da vã mitologia. O grifo (griffin em inglês) é retratado por um animal com cabeça e asas de águia num corpo de leão que, segundo a própria mitologia, é virtuoso. Adotaram ele as suecas Saab/Scania e a inglesa Vauxhall. Já a coreana SsangYong usou, até pouco tempo, um dragão de duas cabeças, que é, aliás, é o significado do seu nome.

Abarth, Holden, Vauxhall e Saab usam imagens mitológicas

A Volkswagen brasileira associou a resistência e a disciplina da raposa ao Fox (raposa em inglês). Na versão simpes, o "Fox", não há nenhuma referência ao animal, só na aventureira. No CrossFox há uma raposa na tampa do porta-malas e nos bancos dianteiros.

Além de Mustang, Cougar e Crossfox, outros carros também ficaram reconhecidos por estarem associados à natureza. A Chevrolet Silverado e o Ford Pinto, nomes de raças de cavalo, e o Pontiac Trans Am, que usava uma águia de asas abertas (um símbolo americano) são outros exemplos.

O Firebird Trans Am Turbo 1981 e a inseparável águia (que ficava sob o capô)

Os fabricantes de motos gostam de usar a ave como símbolo. Não há sinômino maior de liberdade que um par de asas; Honda e Harley-Davidson sabem disso.

Muitas vezes o símbolo do animal entra na história dos carros pelo sobrenome da família do fundador, pelo brasão da sua cidade, por paixão, inspiração ou simplesmente por assimilações de características. São importantes, sem dúvida, pois dão vida aos emblemas colados em grades e capôs.

Artigo publicado em 10/09/2009 e revisado em 27/09/2010

1 comentário(s):

Anônimo disse...

Deviam ter mostrado o logo da Puma.
Fábio

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