A Kasinski está numa nova fase e quer crescer. Foi vendida para um conglomerado de empresas chinês e já não deseja ser reconhecida pelos produtos de qualidade inferior. A Comet GT250, de origem coreana (foi desenvolvida pela Hyosung), é o mesmo produto vendido no “antigo período”, porém com aperfeiçoamentos.
O novo modelo recebeu algumas modificações para satisfazer a exigência do mercado de esportivas 250/300 cc. Adotou tecnologias como injeção eletrônica, leds e painel digital para correr atrás de Yamaha Fazer 250 e Honda CB300R. Contudo, a moto coreana oferece algo mais que as rivais: motor de dois cilindros em V.
Isso é um diferencial importante, pois além de passar uma imagem de superesportiva, ele é mais enérgico que os monocilíndricos concorrentes. E o ronco produzido é entusiasmante.


O porte imponente impressiona desde os que estão acostumados com pequenas urbanas até aqueles já experientes com as 250. A moto é alta, larga e musculosa, como uma naked italiana. A paleta de cores é minguada, mas a opção monocromática em preto combina muito bem com o estilo do modelo.
As únicas ressalvas ficam por conta do farol circular, formato já ultrapassado, e dos amortecedores dianteiros que parecem exageradamente compridos, causando a (falsa) sensação de que a roda (17 polegadas) é pequena. Salvo isso, o conjunto é agradável.
As rodas de seis raios curvos são parcialmente encobertas pelos enormes discos de freio, presentes nas duas rodas (300 mm na dianteira e 230 na traseira). Curioso é poder instalar outro conjunto pinça/disco do lado direito na dianteira, pois tanto roda quanto amortecedor são preparados para isso (a explicação é que o modelo GTR, carenado, é equipado com dois discos).

A suspensão dianteira é do tipo invertida e tem apenas 41 mm de curso, ante 120 da Fazer. A traseira é monoamortecida e igualmente curta. Isso é interpretado como desconforto em passeios por caminhos ruins, mas o resultado é melhor do que o esperado. Contribui um pouco os pneus de especificação “H”, aptos a 210 km/h.
A Honda adotou a mesma especificação na CB300, mas a Yamaha preferiu o código S, limitado a 180 km/h e de borracha mais macia. Nas medidas a Kasinski foi contida: 110/70 na dianteira e 130/70 na traseira, enquanto no mercado internacional a Hyosung usa 150/70 na roda posterior. No geral, o conjunto é bem equilibrado e não fica atrás de nenhuma rival.
Como anda: A avaliação foi feita com um modelo equipado com um escapamento esportivo (acessório vendido na concessionária), menos restritivo com os gases. Isso é o suficiente para alterar o desempenho, mas não para impedir o teste. Tal equipamento aumenta o refluxo de gases e influi bastante nas acelerações e nas desacelerações. E por isso não foi possível fazer comparações precisas.
Os dois pistãos começam a trabalhar ao primeiro toque no botão de partida e o sistema de injeção encarrega-se de controlar a mistura de ar e combustível da forma mais perfeita possível. A marcha lenta é estável, mas os 1200 rpm são altos demais.
O câmbio possui cinco marchas em 5-4-3-2-N-1, como em qualquer street conhecida. Seus engates são curtos, mas nem um pouco precisos: as vezes passa-se ao neutro sem querer; e quando se quer engatá-lo, é quase impossível. Contudo, o escalonamento foi bem feito.
No trânsito urbano é possível trafegar de primeira e segunda. Nesse cenário, no entanto, há um grave problema: aquecimento prematuro. Como numa superesportiva, o motor fica muito quente se não forem tomados alguns cuidados. Baixa velocidade não é o forte da Comet.
O motor também não colabora, pois é fraco nas baixas rotações. Os 2,31 kgf de torque são inferiores aos 2,81 kgf da CB e aparecem apenas às 8 mil rotações por minuto. Já os 180 kg exigem força nas manobras.
Habitat natural: Na estrada a situação é bem diferente. O V2 sobe de giro rapidamente e ajuda bastante nas ultrapassagens, sem vibrar e nem reclamar: superaquecimento não existe. É aí que os 32 cavalos mostram utilidade. O ronco torna-se prazeroso e o ponteiro do conta-giros analógico se move com rapidez única. A sensação é de estar numa esportiva de grosso calibre.
Os dois cilindros de 125 cc fazem uma sinergia mágica e juntos resultam em algo parecido com 400 cc. O surto de potência é típico de motores maiores. O 0-100 é feito em poucos segundos e a velocidade de cruzeiro fica acima da média.
Durante a avaliação não foi possível passar dos 152 km/h por causa do capacete inapropriado e do vento, que já incomodava desde os 140. Nesses momentos, uma boa carenagem faz falta.
O farol de 55/60 w ilumina bem e o pisca-alerta é muito útil. A bateria de 12A não deixa ninguém na mão. E a lanterna traseira composta por leds dá visibilidade e beleza.
A Comet tem forte caráter rodoviário e as concorrentes se sobressaem na cidade. Apesar de a moto da Kasinski ter uma mecânica apropriada para o uso em viagens, há alguns detalhes que não permitem esse tipo de uso por longas horas. A falta de proteção aerodinâmica é um deles, mas o banco de espuma demasiadamente rígida causa dores. Quem sofre mais é o eventual passageiro, que tem apenas um minúsculo e rígido assento elevado. O tanque 17 é menor que os das concorrentes.
Agrada, porém, o painel digital com um visor de cristal líquido com velocímetro, marcador do nível de combustível, odômetro total e dois parciais e conta-giros analógico com fundo branco.
Na hora de escolher é bom analisar o uso a ser feito. A Yamaha Fazer é mais prática, leve, econômica e confortável. A CB300 é mista e pode ser equipada com ABS, item crucial para a segurança. A Comet tem como grandes atributos a exclusividade (vende menos), o motor de dois cilindros e o design inspirado.
Ficha Técnica: Kasinski Comet GT250
Motor: dois cilindros em V a 75º, DOHC, arrefecido a ar e a óleo, alimentado por injeção eletrônica
Capacidade cúbica: 249 cm³
Diâmetro x curso (mm): 52 x 48,8
Potência: 32 cv a 10000 rpm
Torque: 2,31 kgf.m a 8000 rpm
Câmbio: Manual de 5 velocidades
Peso (com fluídos): 180 kg
Comprimento x Largura x Altura (cm): 209 x 780 x 112
Entre-eixos (cm): 143
Curso da suspensão dianteira (mm): 41
Tanque (incluindo reserva): 17 litros