15 de out. de 2009

Paolo e Carlos, o português e o brasileiro

Um jovem português, Paolo, é fã da Peugeot e comprou seu primeiro carro. Economizou durante anos e conseguiu a fortuna de 70 salários mínimos de Portugal, cerca de 31500 euros. Desejava um hath bonito, com luxo, potência e segurança.

Noutro continente o também jovem Carlos juntou 70 salários mínimos. Mora no Rio de Janeiro e é, desde tenra idade, fã de carros franceses. Queria um hath descolado, confortável, seguro e diferente para ir à faculdade.

Em setembro Paolo foi à concessionária Peugeot de sua cidade. Deu de cara com um 206+, um modelo lançado em 1998 e que hoje é uma alternativa de baixo custo aos europeus. Como custava dez mil euros, bem menos que seu dinheiro, quis algo melhor. O belo 207, lançado há poucos anos, lhe pareceu uma boa alternativa.

Com uma atendente foi montar um cinco-portas, mais prático e pouco mais caro. Entre as cinco versões ficou com a Sport, que tem motor de 1,4 litro e 95 cavalos, limpadores e faróis automáticos, direção elétrica, volante em couro com comandos do rádio, este um toca-CD com MP3, entrada USB, Bluetooth, seis autofalantes e GPS com o mapa de toda Europa. Em segurança seu 207 tem Isofix no banco traseiro e no do passageiro da frente, quatro bolsas infláveis, ABS com EBD e BAS (assistência de frenagem) e travamento automático das portas ao rodar. Tudo de série e por 17000 € (euros).

Como ainda sobrava dinheiro ele escolheu a cor vermelha metálica Erythree, por 300 €, e adicionou o Controle de Estabilidade, por 500 €, vidros escurecidos com comando elétrico nos traseiros e tela de sete polegadas no painel por mais 940 €. Gastou 18730 euros, um pouco mais da metade da sua fortuna, e ficou satisfeito com a cor e as belas rodas de alumínio.

No Brasil, Carlos teve de optar pela versão de três portas do 206, quatro mil reais mais em conta que a de cinco. Nenhum item de conforto e segurança vinha de série. Como não quis pagar R$ 938 pela pintura metálica, teve de escolher entre branco e vermelho sólidos; ficou com a segunda opção. A lista de opcionais não existia.

De série levou a vergonhosa lista: alça no teto, apoio de cabeça traseiros, protetor do cárter, brake-light, apoios de braço moldados na porta (acredite, tem isso no site!). Pelo menos ganhou direção e banco com regulagem, temporizador nos faróis, calotas "esportivas" integrais e hodômetro digital. Gastou exatos R$ 25990,00 num projeto antigo, sem bolsas infláveis e nem ABS.

Paolo anda feliz da vida com seu 207 moderno e econômico, capaz de 17 km/L, pagando no litro da gasolina o equivalente a 0,26% do salário mínimo. Desfruta de um pavimento irretocável, mesmo pagando impostos menos abusivos, e tem segurança nos semáforos. Carlos anda meio triste pela manutenção constante, causada pelas ruas de má qualidade e combustível adulterado (e caro, cerca de 0,56% do salário mínimo) e vive temendo que algum assaltante leve seu carro, tão suado.

O jovem português aplicou o restante do dinheiro e pensa em trocar de carro ano que vem, talvez por um 308. O carioca pensa em trocar seu 206 numa moto chinesa, pouco visada pelos bandidos. Sabe que tem que desembolsar muito dinheiro de imposto por ela, mas é a única opção.

O carro de Paolo


3 comentário(s):

Anônimo disse...

Tem que fazer um "Power Point" com este post e repassar pra todo mundo!! Ainda sonho em mudar de país.. Abraços

Gustavo

Italo disse...

Gustavo,

Faça melhor que isso: mande o link desse post pros seus amigos e ajude a divulgar o blog do Diego. :-)

R Botelho disse...

pra ilustrar melhor, faltou a foto do carro do Carlos...

Excelente post!!

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